Direito ao nome é direito à vida
Fundamentalistas religiosos e neofascistas liberais do PSC, PHS,
PSDB, PRB, PV, PR, PROS, DEM e PTN protocolaram na quarta-feira (18), o
Projeto de Decreto Legislativo de Sustação de Atos Normativos do Poder
Executivo, PDC 395/2016, que pretende invalidar o Decreto nº 8.727. O
decreto “dispõe sobre o uso do nome social e o reconhecimento da
identidade de gênero de pessoas travestis e transexuais no âmbito da
administração pública federal direta, autárquica e fundacional.” O
objetivo desse PDC é tentar anular a iniciativa que a presidenta Dilma
assinou no dia 28 de abril, que reconhece a comunidade de travestis,
mulheres transexuais e homens trans no seu direito mais primário: a
identidade.
“Nome social é um primeiro
passo para o reconhecimento do nosso direito de existir. Não é possível
pensar, por exemplo, em permanência estudantil e acesso a
estabelecimentos de saúde para pessoas trans, se seguimos deslegitimando
o nome pelo qual somos conhecidxs” declara a travesti doutorando em
literatura da Unicamp, Amara Moura (na foto). Ela pontuou também que o
nome social é só uma “gambiarra”, e que o ideal seria a aprovação da Lei
de Identidade João W Nery, que altera definitivamente o pré nome e
gênero nos documentos. Enquanto em outros países essa questão já está
resolvida há anos como na Argentina que tem uma das leis de Identidade
de gênero mais avançadas do mundo, no Brasil ainda estamos lutando pelo
respeito ao nome social.
Com a extinção pelo presidente interino e ilegítimo, Michel Temer, do
Ministério dos Diretos Humanos, o órgão que garantia e promovia os
direitos dos movimentos sociais, ficamos à mercê dos ataques dessas
figuras deploráveis que compõem o Congresso mais reacionário e golpista
desde 1964. Da mesma forma que usurparam o direito legítimo da nossa
presidenta de governar referendado por milhões de brasileiros, querem
usurpar os poucos direitos duramente conquistados pela comunidade de
travestis, mulheres transexuais e homens trans.
“Direito ao nome: só sabe o quanto isso é absurdamente valioso, quem
tem esse direito negado. Direito ao nome é direito à vida.” desabafa
Amara
Quando se tira a garantia de direitos civis e se tenta cassar
direitos adquiridos, deixamos de viver numa democracia para viver num
estado de exceção semelhante ao que vivemos no período mais sombrio da
história do Brasil. Naqueles anos difíceis, travestis e transexuais
ficavam encarcerad@s em seus guetos sociais noturnos, e não saiam às
ruas de dia nem pra fazer compras no supermercado, violadas no seu
direito de ir e vir. Trinta anos depois, a organização política desse
segmento conquistou algum espaço político, mas muito aquém de uma
cidadania plena, e mesmo assim tem sido a maior vítima de crimes de ódio
no Brasil. Agora querem usurpar o pouco que temos.
É guerra e estamos sob ataque. Os inimigos da democracia conspiram e
descarregam sua artilharia pesada contra a liberdade e os direitos civis
dos cidadãos e cidadãs brasileir@s. Os direitos dos movimentos sociais
conquistados durante anos com muita luta estão em risco. Não podemos
permitir o avanço do neofascismo contra a jovem democracia que temos
construído com tanta dificuldade ao longo dos anos.
Amara, que é pré-candidata a vereadora de Campinas pelo Psol, sabe
que só é possível fazer frente a esse e a outros ataques, se houver uma
organização massiva da comunidade trans, disputando a sociedade civil
para que a gente consiga de fato pensar resistências a esse ataque dos
fundamentalistas. Governo é laico, nome social é direito.”
A comunidade travestis, mulheres transexuais e homens trans acaba de lançar uma campanha
nas redes sociais em defesa do nome social. Junte-se a nós nessa
batalha contra o levante dos fundamentalistas e neofascistas contra os
direitos humanos.
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