A árvore genealógica dos partidos políticos do Brasil
Quem nunca teve a
curiosidade de desenhar a árvore genealógica de sua família? Ainda mais sendo
oriundo de uma família de imigrantes (alemã, italiana, etc). Aquela ‘pontinha’
de curiosidade, que ajuda a pensar “de onde venho e para onde vou”?
A árvore genealógica dos
partidos políticos do Brasil
Pois nestes últimos dias,
resolvi me debruçar sobre a história dos partidos políticos brasileiros e fazer
o mesmo. Como não sou historiador, nem cientista político, o desenho pode
apresentar falhas. No entanto, ajudou-me a organizar as ideias e reconhecer melhor
em qual terreno e contexto se inserem alguns partidos atuais. Na dúvida, veja o
quadro acima.
– Brasil Império e
República Velha
Para começo de conversa,
durante o Brasil Império (1822-1889), dois partidos “de direita”, que defendiam
a manutenção da escravatura, bipolarizaram o poder: Partido Liberal e Partido
Conservador. O cenário só começou a mudar com a aparição dos Partidos
Republicanos. Não existia uma união nacional nesta época, com os quadros sendo
formados dentro dos Estados (o Partido Republicano Paulista, o Mineiro, e o
Riograndense, de Júlio de Castilhos, por exemplo). Estes dominaram o palco
principalmente a partir da Proclamação da República e estabelecendo a política
do ‘café com leite‘, com paulistas e mineiros se revezando no poder. É preciso
compreender que neste período não havia o sufrágio universal. Ou seja, mulheres
e pobres não iam às urnas. Portanto, as referências políticas eram pessoas da
elite social.
– Era Vargas
Oriundo do PRR (Partido
Republicano Riograndense), o gaúcho Getúlio Vargas chegou à presidência em 1930
graças a um golpe de Estado que interrompeu o revezamento de paulistas e
mineiros. Quatro anos depois, promulgou uma nova Constituição, impondo entre
outras coisas o voto secreto, o voto às mulheres e direitos trabalhistas. Com a
implantação do Estado Novo (nada mais do que uma ditadura populista), viu as
oposições se radicalizarem entre extrema-direita e extrema-esquerda: Ação
Integralista Brasileira (AIB), que defendia um governo fascista; e Aliança
Nacional Libertadora (ANL), formada por integrantes do PCB (Partido Comunista
Brasileiro). Aliás, este último, conhecido como ‘Partidão’, foi o primeiro viés
de esquerda na política nacional, fundado ainda em 1922, acabou sendo tornado
ilegal por muitos dos governos que assumiram o país. Apesar de fortes
revoluções organizadas por essas duas frentes, Vargas manteve-se na presidência
até 1945. Voltaria eleito cinco anos depois, mas antes ainda foi o avalizador
de dois partidos que seriam fundados: PSD (Partido Social Democrático) e PTB
(Partido Trabalhista Brasileiro) – pelo qual se filiou. No espectro oposto,
surgiria a UDN (União Democrática Nacional), uma herdeira dos Partidos
Conservador e Liberal. Seria a principal oposição ao governo getulista até seu
suicídio em 1954.
– Ditadura Militar
Com o golpe militar de
1964, apoiado inicialmente pela UDN para derrubar o governo trabalhista de João
Goulart (‘filho político’ de Getúlio), todos os partidos – da esquerda à
direita – entraram na ilegalidade. Do PCdoB (Partido Comunista do Brasil,
herdeiro do PCB), passando pelo PSB (Partido Socialista Brasileiro, encontro de
ideologias entre PCB e PTB), PDC (Partido Democrata Cristão) e alcançando até a
própria UDN. Permitia-se apenas a adesão a duas vertentes: MDB (Movimento Democrático
Brasileiro) e ARENA (Aliança Renovadora Nacional). Era como se, de uma hora
para outra, a política nacional voltasse ao período do Brasil Império, onde
vigoravam apenas os liberais e conservadores. Os quadros da centro-esquerda
foram forçados ao exílio (como o petebista Leonel Brizola), enquanto os da
extrema-esquerda assumiram a ilegalidade para criar grupos armados – ALN
(Aliança Libertadora Nacional), MR8 (Movimento Revolucionário 8 de outubro),
VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), entre outros.
– Reabertura política
Diante das manifestações
populares pelo fim dos governos militares, foram surgindo novos partidos. Com o
DNA getulista, Brizola fundou o Partido Democrático Trabalhista (PDT). Este
ainda recebeu alguns componentes dos grupos revolucionários, enquanto a maioria
acabou migrando para o recém fundado Partido dos Trabalhadores (PT),
encontrando-se com líderes de movimentos sindicais. Com o desprestígio da
ARENA, surgiu o PDS (Partido Democrático Social), que passaria a abrigar aqueles
políticos que governaram sob o guarda-chuva militar, como José Sarney. O MDB,
por sua vez, foi quem surfou a onda da abertura política, sendo a cara da
recente democracia brasileira. Velhos partidos, como PCdoB, PSB e PTB também
foram reativados, mas já desvirtuados das ideologias que os havia fundado.
– Coligações e
fisiologismo
A partir da década de 90,
os partidos foram se multiplicando. Da direita, saíram do PDS o PFL (Partido da
Frente Liberal, hoje DEM), PPB (Partido Progressista Brasileiro, hoje apenas
PP) e PRN (Partido da Reconstrução Nacional, hoje PTC) – que elegeria Fernando
Collor nas primeiras eleições diretas. Do gigantesco PMDB, surgiria
principalmente o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira). Do PT,
acabariam migrando vertentes radicais de esquerda, como PSTU (Partido
Socialista dos Trabalhadores Unificado), PCO (Partido da Causa Operária) e mais
recentemente PSOL (Partido Socialismo e Liberdade). O impeachment de Collor em
1992, no entanto, influenciaria ainda mais o fisiologismo na vida democrática
brasileira. A troca constante de partidos – como do então vice-presidente
Itamar Franco, que chegaria ao seu 5º partido ao assumir a presidência (PTB,
MDB, PL, PRN e PMDB) – denunciava a falta de fidelidade a uma raiz ideológica.
Além disso, o sistema presidencialista de coalizão insuflou as coligações antes
inimagináveis. O ‘tucano’ Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, ex-MDB,
coligou com o PFL (dissidência do PDS e ARENA) para vencer as eleições de 1994
e 1998. Já o petista Lula uniu-se com o PL para fazer o mesmo em 2002 e 2006.
Quando que os liberais do Brasil Império imaginariam que seus herdeiros
políticos um dia uniriam forças com trabalhadores de movimentos sindicais? Da
fusão dessa coligação improvável, por exemplo, saiu o atual SD (Solidariedade),
que tem como presidente o deputado Paulinho da Força Sindical – um ex-petista,
que se tornou uma das principais bases de apoio ao recente impeachment de Dilma
Rousseff. Outra obra do fisiologismo é o recém criado Rede Sustentabilidade,
capaz de abrigar a fundadora Marina Silva, ex-PT e PV (Partido Verde); Randolfe
Rodrigues, ex-PSOL; Miro Teixeira, ex-PP, PDT e PROS (Partido Republicano da
Ordem Social); e João Derly, ex-PCdoB. Isso sem falar no PSC (Partido Social
Cristão), herdeiro do antigo PDC extinto pela ditadura militar, mas que já
lançou a pré-candidatura de Jair Bolsonaro, um entusiasta do regime militar.
Mas talvez o ‘filho mais bastardo’ da política brasileira seja o PR (Partido da
República), nascido da fusão entre PL e PRONA (Partido da Reedificação da Ordem
Nacional) – pensado e criado pelo ultranacionalista Enéas Carneiro, primo
distante do integralista Plínio Salgado. Mesmo assim, não exitou em coligar com
o PT nas eleições de Dilma. Sendo assim, à esta altura, onde ninguém mais sabe
quem é o inimigo ou amigo na trincheira, urge uma reforma na política
brasileira. Ou sigam degustando essa sopa de letrinhas promíscuas e indigestas.
Por Filipe Duarte
Nota zero, vc precisa voltar a estudar as fontes primárias... este poste é fake
ResponderExcluirE onde fica o NOVO nessa sopa de letrinhas?
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