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Raul Seixas, um personagem fundamental da cultura brasileira

Raul Seixas, um personagem fundamental da cultura brasileira

Por Vânia Oliveira - Jaguaribe-ce

Raul Santos Seixas, conhecido também como Raul Seixas, Raulzito, Maluco Beleza ou Pai do Rock Brasileiro, nascido em Salvador-Bahia em 28 de junho de 1945 e falecido em 21 de agosto de 1989, era antes de músico, um filósofo. Se fosse apenas músico, não se diferenciaria de outros da sua época, como por exemplo, Sílvio Brito e se fosse apenas m ais um filósofo não se diferenciaria de qualquer outro louco comum, ninguém prestaria atenção nele. Portanto, a combinação foi genial, aliada a capacidade de transformá-la em música e letra, o que fez de Raul Seixas um inesquecível personagem da cultura brasileira.
Talvez para a sociedade fosse difícil compreender Raul, mas assim como eu, muitos que não compreendem nem aceitam certos atos e colocações da dita sociedade, Raul foi o cara que viu o mundo de uma forma diferente, com a capacidade de enxergar coisas que cidadãos comuns não enxergavam. Ele, de forma simples, desvendava a superestrutura da sociedade e conseguia achar os nexos lógicos da vida onde outros só viam o caos. Porém, esta visão não o levou a uma vida mais feliz, pelo contrário, Raul mesmo utilizando a arte para dar vazão ao que via e sentia, sabia que estava fora do mundo, que sua vida estava afastada das satisfações cotidianas das pessoas ditas normais pela sociedade. Raul vivia em uma solidão quase absoluta mesmo cercado de amigos, de fãs e em alta no mercado musical, vivia em frustração com a vida amorosa e com certa dificuldade em relacionar-se com as estruturas e mesmo com as regras impostas pela sociedade.
Com a ajuda de Paulo Coelho, Raul falou de tal “Sociedade Alternativa,” o que propunha Raul seixas? Objetivamente, nada! Falo com base num de seus versos que para mim é o mais original “A única linha que conheço é linha de empinar bandeira”. Ele não era de esquerda, e muito menos de direita, também não era anarquista.

Em “Sociedade alternativa”- “Se eu quero e você quer/ tomar banho de chapéu/ ou esperar Papai Noel/ ou discutir Carlos Gardel/ então vá: faz o que tu queres, pois é tudo da lei”.

Em “Novo Aeon”- Querer o meu não é roubar o seu/ pois o que eu quero é só função do eu/ sociedade alternativa novo aeon/ é um sapato em cada pé/ é direito  de ser ateu ou de ter fé/ ter prato entupido de comida que cê mais gosta/ é ser carregado e carregar gente  nas costas/ direito de ter riso, de prazer/ e até direito de deixar Jesus sofrer”.
Raul sua esposa Kika

Em “As aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor”- “Eu já passei por todas as religiões/ filosofias, políticas e lutas/ aos onze anos de idade eu já desconfiava/ da verdade absoluta”.
Agora fica a interrogação: O que sobrou da sociedade alternativa de Raul, que renega as religiões, filosofias, políticas e lutas que todos conhecemos? E sobre a utopia da geração de Raul Seixas que acreditava numa sociedade com outras regras?
Particularmente acho que só sobrou o “Mago” Paulo Coelho, que vende milhões de livros e nem cita o Raul e é fato que a tal sociedade não saiu do papel, que depois da sua morte, seus fãs não passam de um bando de hippies seguindo as regras sociais, sendo apenas caricaturas do Maluco Beleza e que “cantam” a sociedade, mas não conseguem vivê-la.
Então, qual a importância de relembrar Raul Seixas hoje?
Para mim, “é para constatar que a Sociedade Alternativa” que um dia nos pareceu possível, fato que levou Raul a ser interrogado e torturado pela ditadura, que queriam a todo custo que ele citasse nomes dos quem fazia parte dessa sociedade, atualmente não assustaria nem os político ou os que fazem as Leis, porque hoje todos se dizem alternativos. Há vestimentas alternativas, teatro alternativo, música alternativa, mas uma “Sociedade Alternativa” nunca houve e nunca vai haver. Há pessoas que escolhem ter uma vida alternativa, uma opção individual que exige coragem ou uma dose de loucura, mas a célula mãe da sociedade continua o único modelo econômico nesse mundo dito “Globalizado”.
Lembremos Raul hoje e sempre para constatar também a derrota de uma geração que cuspiu na estrutura, mas não a desestabilizou. Lembrar a democracia representativa que está morta há tempos e que o capitalismo que antes pelo menos tinha pesadelo com o socialismo, agora posa de modelo padrão. Que mesmo nesse milênio não há o direito de ter riso, de ter prazer e muito menos o direito de deixar Jesus sofrer.
Raul tinha a mania de escrever, rabiscar, desenhar, fazer versos, trechos de músicas e textos confessionais sobre a vida que preenchiam um caderno tal qual um diário. Um desses textos datado de do final dos anos 70, ele narra a experiência de usar óculos “Todos fazem perguntas ao ver-me de cara nova, e a todos eu pareço dever uma explicação”, desabafou o artista. Bem como outra carta á sua quarta esposa Kika onde dizia: “Confesso: chorei de saudades suas hoje, ao ouvir as fitas de Elvis que você me mandou.  Minha solidão aqui ultimamente tem sido dolorosa, mas que jeito? Eu desejava estar com você e minha filha”. Confira nas cartas, a sensibilidade do ícone da música brasileira na década de 70.




Um comentário:

  1. Muito feliz de encontrar essa caricatura que fiz do grande Raulzito muiiitoo antiga em meados de 2012, muito boa a matéria e VIVA A SOCIEDADE ALTERNATIVA!!!

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