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O BRASIL PRECISA SAIR DO ATOLEIRO





Por Uribam Xavier

Abundantes e estarrecedoras ainda são as denúncias sobre o famigerado esquema de corrupção montado pelo governo petista [Lula e Dilma], seus aliados e parte da oposição. Os aliados do PT, depois do golpe, passaram a governar provisoriamente o país e tentam de todas as formas se manterem no poder com o intuito de saírem ilesos dos crimes a que lhes são imputados.
As gravações, que Sergio Marchado- PMDB tornou pública, e as declarações de Pedro Corrêa-PP, demonstram que, aqui no Brasil, os que manipulam o poder político o fazem numa relação patrimonial onde a dominação legislativa coloniza os poderes executivos e judiciários. Causa espanto ao legislativo que a Lei possa ser aplicada a eles, roubar o patrimônio público passou a ser o modo operante da política e o critério de honradez para os canalhas que acham que são legítimos porque foram eleitos com campanha financiada com esquema de propina.

É claro que o processo de corrupção é antigo, mas é também verdade, como disse Lula, diante do escândalo do mensalão, que o PT aloprou. Lula quando chegou ao poder, os velhos caciques políticos - como Antonio Carlos Magalhães, José Sarney, Jader Barbalho, Paulo Maluf e outros - que apoiaram a Ditadura Militar e fomentaram uma cultura política execrável, estavam enfraquecidos e definhando da vida política. E o que fez Lula? Ressuscitou todos, os abraçou em um arco de alianças. O objetivo dessa aliança era a perpetuação do PT no poder. Num primeiro momento, o PT abriu mão de um programa de transformações estruturantes e de ruptura com setores dominante do capital, cooptou parte das lideranças dos movimentos sociais com cargos na administração pública e programas dirigidos as entidades da sociedade civil por meio de editais. Num segundo momento, para eleger Dilma, abriu mão da formação de uma maioria qualificada no Congresso e de cargos majoritários nos Estados e Municípios para garantir a continuidade na presidência, afirmado que o projeto nacional do partido era maior do que as questões locais. Assim, abriu espaços para os conservadores, que além de saírem na foto com Lula faziam questão de ser o candidato do Lula. Deu no que deu, no seu segundo mandato Dilma não tinha base política para governar, um verdadeiro paradoxo, pois formalmente, os eleitos pelo PT junto com os aliados formavam uma maioria.

Por um somatório de fatores – perda do poder de articulação política; mudança de programa de governo, adotando uma política neoliberal, num ato de traição aos seus eleitores; baixos índices de popularidade e de aprovação do seu governo; ter o seu nome e de vários membros do seu partido e de seus aliados em crime de corrupção; perda da capacidade de governabilidade; ser a responsável direta pela quebra do país e por parte da crise econômica; possuir baixo poder de comunicação com a sociedade; uso de dinheiro sujo no financiamento de campanha - Dilma já podia ter sido cassada de forma legitima e democrática. No entanto, os aliados de Dilma, junto com a oposição de Direita, atendendo aos interesses do Mercado e a sua estratégia de ter um bode expiatório para se livrarem dos crimes que praticaram juntos com o governo, os quais são investigados pela Operação Lava Jato, resolveram cassar Dilma usando como argumento o crime de responsabilidade fiscal. Promoveram um golpe parlamentar. Todavia, alguns setores do mercado não encontraram nas propostas anunciadas por Temer a saída para seus interesses. Por outro lado, o Jornal a Folha de São Paulo, que apoiou o golpe, agora junto com os setores descontente do mercado, passou a ser uma divulgadora dos escândalos novos da Operação Lava Jato e, como corolário disso, passou também a pauta a agenda política da Rede Globo e a desgastar o governo Temer que, em pouco tempo, já deve dois ministro derrubados por envolvimento em corrupção e tentativa de abafar a Operação Lava Jato.

E agora? Bem, no atual cenário político é difícil saber quais serão os desdobramentos, a cada momento o quadro muda. Não obstante, admitir que Dilma possa conseguir no Senado os votos necessários para voltar ao poder não é um raciocínio esdrúxulo, a possibilidade existe e já divide internamente as lideranças do PT. No partido alguns acham que se Dilma conseguir manter o cargo não vai conseguir tirar o país da crise econômica e política, vai se desgastar ainda mais e sair desmoralizada. Assim, o melhor é sair como vítima de um golpe promovida por setores corruptos que não querem deixar Dilma conduzir o país com políticas para os setores populares, vítima dos seus ex-aliados que, agora, executam uma política neoliberal perversa onde os trabalhadores vão pagar o pato. Outra parte do PT acha que ela deve reverter o quadro, montar um novo governo e propor novas eleições.

E a sociedade? Os movimentos sociais, antes cooptados pelo PT, principalmente os maiores como MST, CUT, UNE, estão perplexos e desmoralizados, suas lideranças não sabem o que fazer, não sabem orientar suas bases para além do “fora Temer”. A falta de lideranças com capacidade política e credibilidade moral para orientar a sociedade, a falta de um marco explicativo mais profundo do que se passa com o país, a falta de um projeto de autonomia que promova crescimento com distribuição de riqueza e renda deixam a sociedade sem perspectiva, perplexa e a espera de uma mudança que venha do além, já que não existe salvador da pátria ou salvador nacional sem esquema de propina. Assim, as energias sociais mais vivas são gastas e mobiliadas contra o conservadorismo e a cultura autoritária de esquerda e de direita que se propaga no vácuo que o PT promoveu no país.

Como já disse em outra ocasião, estamos num momento político que uma nova agenda política se faz necessário ou pelos menos pode ser discutida. O Brasil precisa sair do atoleiro, cabe, então, a sociedade entender que a política é de sua conta, precisa se colocar como protagonista de um processo de transformação social que seja orientado pelos interesses sociais e não do mercado ou de indivíduos que usam a política apenas para interesses particulares. Nesse momento, penso ser positivo fazermos uma disputa de opinião para consolidar a ideia de que temos um golpista no poder e que suas ações não têm legitimidade, que a volta da Dilma deve ser condicionada a um pacto para eleições gerais, essa é a parte mais fácil. A parte mais complexa e o desencadeamento de um ativismo político que envolve um longo processo de construção de uma nova direção política e moral para o país. Isso implica na organização da sociedade em grupos múltiplos de interesses e pressão política; num longo processo de educação política para um novo padrão civilizatório; na formulação coletiva de um projeto de inserção do país na interação regional e internacional, que seja fundamentado num padrão de crescimento com distribuição de renda, de riqueza e de proteção ao meio ambiente; numa reforma do Estado que inclua uma agenda profunda de reforma política, reforma do poder judiciário, reforma fiscal, regulamentação democrática dos meios de comunicação, mecanismo de participação social e radicalização da democracia.

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