Paiva Neves: Livro O Mundo Perdido
Apresentação
O professor George Edward Challenger,
protagonista do romance O mundo perdido,
é um gênio incompreendido, motivo de desprezo por parte da comunidade
científica de Londres por conta de suas ideias inusitadas. Um jornalista
inexperiente, Edward Malone, é designado por seu chefe para entrevistar esse
“cientista louco”, com a clara intenção de desmascará-lo. A missão se revela
quase impossível por conta de um ardil: Malone finge ser um estudante, mas não
engana Challenger, o que dá ensejo a uma confusão, interrompida por um policial
que já conhece as manias do cientista e decide prendê-lo. Ao defendê-lo, Malone
conquista sua confiança e recebe um inusitado convite: fazer parte de uma
expedição a uma parte remota da floresta amazônica habitada por dinossauros.
Malone aceita o convite e, com mais dois
personagens, lord Roxton e o cientista ortodoxo Summerlee, se envolverá numa
perigosa aventura da qual não sabe se sairá vivo. A princípio, um dos motivos
de seu engajamento na expedição é a paixão que nutre pela jovem Gladys, a quem
deseja impressionar. Como narrador do romance, é ele que levará o leitor a
compreender a personalidade de Challenger e sua obstinação em provar uma
descoberta que a ciência oficial insiste em desacreditar.
Escrito em 1912, O mundo perdido apresenta-se como um contraponto à mais célebre
criação de Conan Doyle, o detetive Sherlock Holmes. É um romance de aventuras
e, principalmente, um dos melhores textos de ficção científica já escritos. Não
dá para calcular a influência que este livro vem exercendo, ao longo do último
século e do atual, na mentalidade coletiva. Vale dizer que, sem O mundo perdido, os filmes de
dinossauros não seriam os mesmos. A primeira produção, filmada nos Estados
Unidos e dirigida por Harry Hoyt, foi feita para o cinema mudo, em 1925. Nela,
Sir Arthur Conan Doyle interpreta a si mesmo. Em 1960, a história foi novamente
filmada, desta vez sob direção de Irwin Allen, que dirigiria também o clássico Inferno na Torre. Sem contar a série britânica, filmada entre
1999 e 2002, que, apesar de trazer o quarteto protagonista do romance,
apresentava, em seus roteiros, viagens no tempo, vampiros e outras inovações
pouco criativas. No cinema, temos, ainda, a trilogia Parque dos dinossauros, de Steven Spielberg, baseada na obra do
escritor Michael Crichton, em que a influência da obra de Conan Doyle salta aos
olhos.
Assim, esta adaptação em cordel, empreendida pelo
talentoso poeta Paiva Neves, talvez seja a mais inusitada de todas as obras
derivadas do texto original. Para escrevê-la, o autor deslocou-se de Maracanaú,
Ceará, onde reside, até Itapipoca (que significa “pedra lascada”), no mesmo
estado, curiosamente conhecida como a “terra dos dinossauros”. A sua versão em
cordel também traz como narrador o jovem Malone, mas a apresentação, feita no
início, é digna de nota, pois personagem e autor fundem-se para explicar a
forma com que a história é (re)contada:
Pelo
mundo do cordel
Meu
sucesso é garantido.
De
versos metrificados
Meu
poema está munido
Para
narrar os perigos
Do
velho mundo perdido.
Paiva
Neves, por vezes, se aproxima do original, quando, ao contar o ataque sofrido
pelo grupo, esbanja criatividade e domínio técnico na arte de versejar:
Era
como um toldo enorme,
Pescoço
como serpente.
Olho
vermelho, feroz,
Parecia
tocha ardente.
Um
pterodátilo vivo
Sobrevoou
sobre a gente.
Motivos,
portanto, não faltam para os leitores de todas as idades conhecerem ou
revisitarem o platô amazônico, na companhia dos quatro intrépidos aventureiros,
liderados pelo professor Challenger.
Arthur
Conan Doyle
Sir Arthur Ignatius Conan Doyle nasceu em
Edimburgo, Escócia, em 22 de maio de 1859, e morreu em Crowborough, Inglaterra,
em 7 de julho de 1930. Médico e sobretudo escritor, é conhecido mundialmente
pelas histórias sobre o detetive Sherlock Holmes, que estreou em 1887, com a
publicação de Um estudo em vermelho. Sherlock Holmes é o detetive capaz
de solucionar os casos mais intricados, valendo-se de um agudo poder de
observação.
Apesar de
sua identificação imediata com o famoso detetive, Doyle foi autor, também, de
histórias de ficção científica, como O mundo perdido (aqui adaptada para
o cordel) e A nuvem da morte, novelas históricas, peças, romances e
poesias, além de obras de não ficção de cunho místico.
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