Ajuste econômico versus ajuda humanitária
Nosso país tem uma das políticas de refúgio mais elogiadas do mundo, junto com Uruguai, pela Anistia Internacional e Corte de Direitos Humanos.
Na última década vivencia-se
uma crise do capitalismo com oscilações nos seus ciclos econômico, organizando
um desequilíbrio nos mercados em um mundo cada vez mais globalizado. O Brasil
não está isento de sofrer consequências direta ou indiretamente, ao mesmo tempo
em que atravessamos uma crise humanitária. Crise esta que se caracteriza por
uma situação de emergência, em que a vida de um grande número de pessoas se
encontra ameaçada, necessitando de recursos extraordinários de ajuda
humanitária para evitar uma catástrofe ou amenizar suas consequências
Exemplo disso é a situação
vivenciada pela população síria, com a intensificação do conflito que chega a
quatro anos, sem uma solução a médio ou longo prazo. O número de refugiados
sírios ultrapassa quatro milhões, sendo a Turquia o principal destino. Segundo
dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), 59,5
milhões de pessoas estão fora de seus locais até o fim de 2014, sendo 19,5
milhões de refugiados, 38,2 milhões de deslocados internos e 1,8 milhão
requerentes de asilo. Esse número cresce de forma acelerada, destacando-se que
51% são crianças.
Apesar do reconhecimento
enfrentado pelo País, em decorrência da crise global do capitalismo, o Brasil,
por sua tradição histórica em acolhimento de pessoas de todo o mundo,
independente de suas origens e religião, necessita realizar esforços para
recebê-los, mantendo sua tradição secular, confirmando sua posição de ator
global na promoção da paz.
Nosso país tem uma das políticas
de refúgio mais elogiadas do mundo, junto com Uruguai, pela Anistia
Internacional e a Corte Interamericana de Direitos Humanos. Atualmente faz
parte da política nacional empregada a refugiados o fornecimento de documentos
(RNE, CPF e Carteira de Trabalho), ficando a cargo das instituições não
governamentais prover o básico para sua sobrevivência e a inserção deles na
sociedade brasileira.
Essa inserção pode ser facilitada
se houver uma política direcionada, por exemplo, à simplificação do
reconhecimento de diplomas universitários e ou currículo acadêmico e de
trabalho, uma vez que aquelas pessoas vivem em situação de risco as quais se
veem forçadas a fugir de suas casas. Deixando tudo para trás. Essas mesmas
pessoas possuem carreiras em seu país de origem e, portanto, poderão ser úteis
em nosso país se dermos o direito a eles de compartilhar esse conhecimento
conosco.
Existem oficialmente hoje 1.600
sírios refugiados no Brasil, segundo ACNUR, em sua maioria vivendo na cidade de
São Paulo, cidade que mais recebe refugiados no País. Mas esta é uma realidade
distante dos demais estados do Nordeste.
Frente a esse quantitativo, cabe
ao Governo brasileiro oferecer a logística e os recursos que serão aplicados
para o recebimento de novos refugiados. Os ajustes econômicos por que passa o
País não podem servir de barreiras para essa crise humanitária, uma vez que
temos a obrigação, como nação, de promover a preservação da vida em forma de
ação humanitária.
Graduanda
em Relações Internacionais, fotógrafa voluntária na Al-Wafaa Campaign
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