Alan Moore se aposenta
Por Djacy Oliveira
O ícone dos quadrinhos Alan Moore proferindo uma palestra em Londres anuncia sua aposentadoria dos quadrinhos. Em entrevista exclusiva para o The Guardian, “Tenho umas 250 páginas restantes de quadrinhos. E elas provavelmente serão muito agradáveis. Existem algumas coisas do press book de Avatar que estou fazendo no momento, e parte de um trabalho recente de HP Lovecraft. Kevin [O'Neill] e eu estamos terminando Cinema Purgatório, temos mais um livro, o final de A Liga Extraordinária, para completar. Depois disso, apesar de eu poder fazer pedaços de algum quadrinho no futuro, realmente finalizei com os quadrinhos”, completa “Fiz tudo o que pude. Se eu continuasse, acredito que as ideias sofreriam, é inevitável você começar a reciclar coisas, e acho que você e eu merecemos mais do que isso”.
Falando sobre planos para o futuro, Moore disse estar interessado em filmes e literatura, mas não sabe se vai atuar nessas áreas. Embora já seja conhecido como escritor, Moore costuma se posicionar contra as adaptações de suas HQs ao cinema. Moore é conhecido por obras como V de Vingança, Batman: A Piada Mortal, Watchmen, além de outros clássicos da mídia, é reverenciado como um dos grandes, senão o maior, dos roteiristas de HQS. Sua obra – prima “Watchmen” lançada em 1986 e considerada pela revista Times como um dos cem romances mais importantes do século passado.
Além de ser um dos principais nomes da industria dessa área, Moore também é um de seus maiores críticos, tendo tecido comentários ácidos contra a Marvel, a DC e o gênero de super – heróis como um todo.
Bruxo, mago é assim que o mestre dos quadrinhos é chamado pelo fãs espalhados pelo mundo afora. Hoje com 62 anos completos não se importa, uma vez que estes apelidos foram dados por sua aparição sempre com barba longas e sua bengala estilizada.
Em Fortaleza conseguimos falar com admiradores da Nona Arte e do roteirista britânico Alan Moore.
Fã de quadrinhos, Elizandro dos Anjos, aluno de Publicidade, FAC, Educador no Museu da Cultura Cearense (MCC), comenta - ler quadrinhos foi parte de minha formação intelectual. Foi durante esta época, nos saudosos anos 90, quando já me considerava um leitor veterano do gênero que conheci o trabalho de Alan Moore. Já tinha ouvido falar do autor porém não entendia o motivo deste ser tão ovacionado, muitos diziam que a história dos quadrinhos podia ser dividida em antes de Alan Moore e após Alan Moore mas não estava bem certo se isso era um fato, até que conheci Watchmen.
O trabalho de Moore aliado ao traço de Dave Gibbons pode ser chamado de obra-prima dos quadrinhos. Nada que eu tinha lido até ali se comparava ao clima sombrio e realista desta obra ou as suas temáticas maduras e complexas. De repente, sob a célebre citação “Quem vigia os vigilantes?” Moore nos conduz a um mundo de vícios e defeitos que contrastava com a perfeição blindada dos heróis do comics. Podíamos ver heróis que eram humanos, nos identificar, problematizar sobre suas existências, nos questionar sobre sua moralidade e utilidade. Moore, se não inaugura, populariza todo um conceito moderno de anti-herói que quebra os paradigmas maniqueístas que sempre estiveram presentes no mundo dos quadrinhos.
Depois disso vieram V de Vingança, A Liga Extraordinária, Batman: A Piada Mortal e tantos outros. Moore é definitivamente um gênio dos quadrinhos e só nos resta agradecê-lo por tornar esta mídia algo tão rico e profundo.
Irlan Laurentino colecionador de HQS, conhecedor de toda a obra do britânico Alan Moore opina ” Se Hoje HQS amadureceram e tem o status de cultura pop, muito se deve a seus trabalhos de Vanguarda, um Artista que sempre se sentiu incompreendido, ou a frente de seu tempo, se frustrando tanto em captarem suas idéias como não se criar algo de qualidade equiparadas as suas obras, isso o frustra ao perceber que normalmente “reviram o lixo dele para se criar algo relevante” talvez seja o principal motivo de sua saída do ramo.
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