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Jana Eleuterio: Reduzir a maioridade é transferir e aumentar o problema. Para o Estado é mais fácil prender do que educar. Para nós, essa conta sai cara.


Jana Alencar Eleuterio
Assistente Social formada pela Universidade Estadual do Ceará -Uece
Conselheira 2¤Secretária do Conselho Regional de Serviço Social/ CRESS-Ce 3ª Região
Mestranda no Curso Mestrado Acadêmico em Serviço Social, Trabalho e Questao Social pela Uece.
Professora da Turma de Serviço Social "da Terra" / Pronera - Uece

Pensar o debate sobre a redução da idade penal nos exige pensar primeiramente que o adolescente marginalizado não surge ao acaso e que o ato infracional cometido por meninos e meninas é fruto da desigualdade e da injustiça social que produz a pobreza e a negação de direitos sociais, vivenciada por grande parte da população. 
O adolescente em conflito com a lei é o resultado de um Estado que não assume sua responsabilidade sobre a garantia dos direitos básicos. Nem tampouco podemos deixar de perceber a responsabilidade que a sociedade tem nessa construção. Os direitos de crianças e adolescentes estão sendo engolidos pela onda de conservadorismo do Congresso Nacional. 
No Ceará o cenário é preocupante, haja vista o posicionamento favorável à redução da maioridade penal pelos deputados estaduais que, desde 2013, defendem essa posição mas, no entanto, não estabelecem nenhum diálogo com a sociedade. 
Semana passada a Assembléia Legislativa aprovou documento com conteúdo semelhante ao do  Projeto de Emenda à Constituição (PEC) 171/93 que, caso seja aprovada e promulgada pelo Congresso, adolescentes de 16 e 17 anos de idade poderão responder e ser punidos criminalmente da mesma forma que pessoas adultas, seguindo o Código Penal, e não mais seguindo as normas do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
É importante desconstruir as inverdades e os mitos que surgem em torno da suposta impunidade nesse tema. No Brasil, adolescentes entre 12 e 18 anos já assumem responsabilidade penal, através do cumprimento de medidas socioeducativas orientadas não apenas pela lógica punitiva. Por outro lado, adolescentes privados de sua liberdade, são colocados em instituições despreparadas para sua reeducação, que reproduzem o ambiente de uma prisão comum, desfazendo o que implica na medida de internação: escolarização obrigatória, profissionalização e assistência integral aos adolescentes, a fim de que estes repensem seus atos e reconstruam sua vida. Não adianta só endurecer as leis se o próprio Estado não as cumpre!
É preciso que entidades e os movimentos sociais continuemos mobilizados na defesa de uma proteção integral para a infância e juventude e da implementação do ECA em sua totalidade, no posicionamento contrário a redução da maioridade penal e a proposta de ampliação do tempo de internação de adolescentes no sistema socioeducativo.

A redução da maioridade penal não desfaz desigualdades sociais, ao contrário, só aumenta a violência e agrava a situação do sistema carcerário brasileiro, que registra alta taxa de reincidência em crimes.

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