O FIM DO CICLO DOS GOMES
O FIM DO CICLO DOS GOMES
Por Uribam Xavier
Professor da Universidade Federal do Ceará e pesquisador da
Rede Universitária de Pesquisadores sobre a América Latina
As eleições de 2014 marcará o fim do ciclo político dos Ferreira Gomes no poder. Sempre girando em torno de si, foram tragados por uma conjuntura política na qual o governador Cid Gomes não tem direito de reeleição e nenhum de seus parentes [Ivo Gomes, Ciro Gomes, Patrícia Gomes, Tim Gomes] podem se candidatar ao cargo, e, para um deles se candidatar ao senado, Cid Gomes deveria ter renunciado ao mandato no dia 5 de abril. Nesse sentido, é dado que, em 2014, no final do mandato, finda um ciclo da vida política, finda a permanência da Família Gomes na condução do poder executivo. Assim, o que cabe especular é sobre qual o tipo e os limites de poderes que o atual grupo manterá.
Foto da Internet |
Até meados de 2012, parecia que, no Ceará,
a vontade absoluta do governador Cid Gomes seria a única a definir o
processo de sucessão. Essa tendência aparentou-se mais forte quando, em
setembro de 2013, Cid resolveu sair do PSB para apoiar a reeleição da
presidente Dilma [PT]; e o PT, em março de 2014, no seu encontro
estadual para discutir a tática eleitoral, aprovou que caberia ao governador a indicação do cargo ao governo e, ao PT, a indicação do nome
ao senado, que seria o deputado federal José Guimarães.
A
movimentação do senador Eunício Oliveira [PMDB], a partir de janeiro de
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2013, para viabilizar a sua candidatura, cria racha na aliança política
comandada pelos Gomes, essa foi a primeira grande derrota e baixa
sofrida pelo governador e pelo PT. A consolidação da Candidatura de
Eunício, tendo Roberto Pessoa [PR] como vice e Tasso Jereissati [PSDB]
para o senado, abriu um palanque forte para a candidatura de Aécio Neves
a presidência, essa foi a segunda derrota do governador e do PT.
Todavia, mais do que uma segunda derrota, Eunício criou uma unidade
momentânea em torno de sua candidatura que dispõe de força para
mobilizar apoios, recursos financeiros, manipulação de sentimentos e
dividir os grupos políticos locais e nacionais com reais condições para
ganhar as eleições.
Já Cid Gomes não conseguiu nem indicar um
candidato de dentro de seu partido [Pros] e acabou indicando um
candidato do próprio PT, essa foi a sua terceira derrota. Assim, o que
antes parecia uma eleição segura nas mãos do governador, tendo o PT como
coadjuvante, passa a ser um campo de rivalidades e competição pela
conquista do poder [cargo ao governo, senador, deputados e presidente],
onde o vencedor fica com as oportunidades de configurar este poder, como
diz Maquiavel, para permanecer e se perpetuar nele, e o perdedor,
enfraquecido, cai sob a dependência de alguém. Nesse cenário, Cid já é
um
perdedor, já está na dependência do PT e continuará mesmo que Camilo
Santana [PT] venha a ganhar as eleições. Além disso, na forma como o PT
se organiza não tem espaço para os Ferreira Gomes, portanto seus
vínculos com PT irão se manter por causa dos favores. Camilo, eleito,
vai querer ter vida própria e independência política. Se Camilo perder,
Cid terá sua quarta derrota e verá os fisiologistas dos Pros migrarem
para o PMDB ou para partidos pequenos que comporão a base de apoio do
novo governo. Já Eunício, se perder, volta ao senado com um capital
político bem maior do que antes das eleições; se sair vitorioso das
urnas, será a nova força política do Ceará.
Camilo Santana - Foto da Internet |
A competição
eleitoral entre Eunício Oliveira e Camilo Santana se caracteriza por uma
disputa de poder e não de projeto de desenvolvimento para o Ceará.
Trata-se, na verdade, de dois candidatos querendo disputar a
legitimidade para conduzir o projeto de desenvolvimento iniciado por
Virgílio Távora e atualizado em 1986 pelo “governo das mudanças” de
Tasso Jereissati, um projeto que, ao longo desse tempo, vem agregado a
algum componente estrutural e ganho social, mas sem alterar sua lógica
de ser um modelo que combina crescimento econômico, concentração de
renda e poder patrimonial.
A competição eleitoral entre Eunício Oliveira e Camilo Santana é a disputa pela continuidade de um projeto de colonialidade do poder, onde os dirigentes políticos, colonizados por uma visão econômica euro-estadunidense, reproduzem, de forma imitativa, as grandes obras estruturantes e os mega eventos de reprodução do capital com total desrespeito ao meio ambiente, à nossa cultural e às nossas alternativas locais. Trata-se de um modelo onde as mentes subalternas as reroduzem, como se vivessem uma grande revolução, quando, de fato, assumem um papel de “Policarpo Quaresma”, que contribui para o triste fim da maioria da população. Assim, o fim do ciclo dos Gomes no poder não representa o fim do modelo de desenvolvimento em curso, ou seja, da forma de reprodução do capitalismo no Ceará, mas a mudança do seu grupo gestor.
A competição eleitoral entre Eunício Oliveira e Camilo Santana é a disputa pela continuidade de um projeto de colonialidade do poder, onde os dirigentes políticos, colonizados por uma visão econômica euro-estadunidense, reproduzem, de forma imitativa, as grandes obras estruturantes e os mega eventos de reprodução do capital com total desrespeito ao meio ambiente, à nossa cultural e às nossas alternativas locais. Trata-se de um modelo onde as mentes subalternas as reroduzem, como se vivessem uma grande revolução, quando, de fato, assumem um papel de “Policarpo Quaresma”, que contribui para o triste fim da maioria da população. Assim, o fim do ciclo dos Gomes no poder não representa o fim do modelo de desenvolvimento em curso, ou seja, da forma de reprodução do capitalismo no Ceará, mas a mudança do seu grupo gestor.
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