Giambatista Brito
O governo do usurpador Michel Temer vem colecionando os
mais diversos adjetivos antipopulares para seu legado histórico. Na última
sexta-feira de 2017, dia 30/12, com a publicação do decreto fixando o valor do
novo salário mínimo, acrescentou ao seu leque de títulos temerosos a alcunha de
“presidente que concedeu o menor reajuste de salário mínimo do século XXI“.
Desde 2001 nenhum reajuste foi tão minúsculo como o que
passou a valer neste 01 de janeiro. Somaram-se “vultuosos” R$ 57,00 ao mínimo
que assim chega ao patamar de R$ 937,00, valor inferior ao que estava previsto
no Orçamento Geral da União para 2017 que seria de R$ 945,80. Os R$ 8,80 de
diferença teriam sido confiscados porque o Orçamento fora pensado com uma
estimativa de inflação maior que a que de fato está se realizando, sendo assim
não haveria motivo algum para “tanta gastança”. Mas não só isso, como o salário
mínimo de 2016 ficou R$ 2,29 acima do cálculo previsto pela legislação, o primeiro
mínimo de Temer resolveu acrescentar o valor “indevido” do ano passado ao
confisco salarial deste ano. E assim produziu-se o menor reajuste salarial dos
últimos 17 anos.
Mas aqui vale um parêntese: é importante ressaltar que
o menor não necessariamente é o pior. Por exemplo, um reajuste de 20%, embora
grande, diante de uma inflação de 19% representa um ganho de somente 1%. Já um
reajuste de 6% para uma inflação de 4% corresponde a um ganho real de 2%. Nesse
caso hipotético 6% valeria mais que 20%. Sendo assim, para evitarmos
leviandades temos que colocar a inflação na conta, no caso, o INPC, Índice
Nacional de Preço ao Consumidor, usado como referência como cálculo do mínimo.
Descontando ano a ano o INPC dos devidos reajustes
salariais eis que descobrimos que Temer não só ganha a disputa como o faz com
louvor. A divulgação do INPC de 2016 somente será feita em 11/01 mas o próprio
governo, através do Ministério do Planejamento, trabalha com o índice de 6,74%
o que indica que os R$ 57,00 de Temer, equivalente a um reajuste de 6,48%,
sequer repõem a inflação do período. Teremos assim pela primeira vez neste
século uma perda no poder de compra dos trabalhadores que coloca Temer não só
com o menor reajuste como também com o pior e o único reajuste salarial abaixo
da inflação.
Por muito pouco o título de menor reajuste não ficou
para os governos petistas. Em dezembro de 2010, antes de passar a faixa
presidencial para Dilma Roussef, Lula da Silva aumentou o mínimo de R$ 510 para
R$ 540, considerando o INPC acumulado de janeiro a novembro de 2010. A atitude
de ignorar dezembro deixaria o mínimo com um reajuste de 5,88% e ganho real de
0,05%. Dois meses após assumir, Dilma acrescentou R$ 5,00 à conta, tirando o
salário mínimo de 2011 da disputa do pior reajuste do século. No ano seguinte,
Dilma concederia aos trabalhadores um reajuste de 14,13% com ganho real de
8,05%, para em seguida conceder reajustes pífios um atrás do outro mas nenhum
deles abaixo da inflação.
Definitivamente, em termos de maldade, o atual
presidente não tem nada de decorativo.
Fonte. Blogjunho
Giambatista Brito. Analista de Sistema, militante
socialista do grupo NÓS
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