Por. George
Monbiot
Friedrich
Hayek preside, em 1947, a
primeira reunião da Sociedade Monte Pèlerin, no resort suíço de mesmo nome.
Lançadas em 1938, em Paris, as ideias de Hayek e Von Mises entusiasmaram desde
cedo milionários e suas fundações — principais financiadores do esforço de
formulação do projeto neoliberal
“Que
é a ideologia hegemônica no Ocidente, há três décadas. Como surgiu, foi adotada
pelas elites e tornou-se invisível e difusa. Quais seus paradoxos. Por que
esquerda fracassou, até agora, em enfrentá-la”
Imagine
se a população da União Soviética nunca tivesse ouvido falar de comunismo. A
ideologia que domina nossas vidas não tem nome, para a maioria das pessoas.
Mencione-o numa conversa e você verá que seu interlocutor dá de ombros. Mesmo
que tenha ouvido o termo antes, encontrará dificuldade para defini-lo.
Neoliberalismo: você sabe o que é isso?
O
anonimato é tanto sintoma quanto causa de seu poder. Desempenhou um papel
importante numa notável sequência de crises: o derretimento financeiro de
2007-8; o ocultamento de riqueza e poder de que osPanama Papers nos oferecem
apenas um vislumbre; a lenta derrocada da saúde e da educação públicas; o
ressurgimento da pobreza infantil; a epidemia de solidão; o colapso dos
ecossistemas; a ascensão de Donald Trump. Mas respondemos a essas crises como
se elas emergissem isoladas, aparentemente inconscientes de que foram todas ou
catalisadas ou exacerbadas pela mesma filosofia coerente; uma filosofia que tem
– ou tinha – um nome. Pode haver maior poder do que operar anonimamente?
O
neoliberalismo tornou-se tão penetrante que raramente o reconhecemos sequer
como ideologia. Parecemos aceitar a proposição de que essa fé utópica e milenar
descreve uma força neutra; uma espécie de lei biológica, como a teoria da
evolução de Darwin. Mas essa filosofia surgiu como a tentativa consciente de
remodelar a vida humana e mudar o locus do poder.
O
neoliberalismo vê a competição como característica definidora das relações
humanas. Ela redefine os cidadãos como consumidores, cujas escolhas
democráticas são melhor exercidas ao comprar e vender – um processo que
supostamente recompensa o mérito e pune a ineficiência. Sustenta que o
“mercado” assegura benefícios que jamais poderiam ser conseguidos pelo
planejamento.
Tentativas
de limitar a competição são tratadas como hostis à liberdade. A ideologia
afirma que impostos e regulação deveriam ser reduzidos; serviços públicos,
privatizados. A organização do trabalho e a negociação coletiva pelos
sindicatos são retratadas como distorções do mercado, que impedem a formação de
uma hierarquia natural entre vencedores e perdedores. A desigualdade é
requalificada como virtuosa: um prêmio para a utilidade, ela é geradora de uma
riqueza que se espalha de cima para baixo, enriquecendo todo mundo. Os esforços
para criar uma sociedade mais igualitária seriam ao mesmo tempo
contraproducentes e moralmente corrosivos. O mercado asseguraria que todo mundo
recebe o que merece.
Internalizamos
e reproduzimos estas crenças. Os ricos se convencem de que adquiriram sua
riqueza por mérito, ignorando as vantagens – tais como educação, herança e
classe social – que podem ter ajudado a lhes garantir isso. Os pobres começam a
se culpar por seus fracassos, mesmo quanto pouco podem fazer para mudar as
circunstâncias de suas vidas.
Esqueça
o desemprego estrutural: se você não tem trabalho é porque não é empreendedor.
Esqueça os custos impossíveis da moradia: se seu cartão de crédito está no
limite, você é imprudente e imprevidente. Esqueça que seus filhos não têm mais
uma quadra de esportes na escola: se ficam gordos, é falha sua. Num mundo
governado pela competição, aqueles que ficam para trás passam a ser definidos e
a se auto-definir como fracassados.
Entre
os resultados, como documenta Paul Verhaeghe no livro What About Me?, estão
epidemia de automutilação, distúrbios alimentares, depressão, solidão,
ansiedade por desempenho e fobia social. Não surpreende que o Reino Unido, onde
a ideologia neoliberal vem sendo aplicada com maior rigor, seja a capital da
solidão na Europa.
Agora
somos todos neoliberais
O
termo neoliberalismo foi cunhado numa reunião de 1938, em Paris. Entre os
participantes, havia dois homens que definiriam a ideologia, Ludwig von Mises e
Friedrich Hayek. Ambos exilados da Áustria, eles consideraram a social
democracia, caracterizada pelo New Deal de Franklin Roosevelt e o
desenvolvimento gradual do Estado de bem-estar social da Grã Bretanha, como
manifestações de um coletivismo que ocupava o mesmo espectro do nazismo e do
comunismo.
Milton
Friedman, um dos ideólogos mais importantes do neoliberalismo, reúne-se com o
ditador Augusto Pinochet, no Chile, nos anos 1970. Hayek, outro integrante
destacado do movimento, diria, sobre o fato: "minha preferência pessoal
inclina-se na direção de uma ditadura liberal, ao invés de um governo
democrático que não pratique o liberalismo”
Milton
Friedman, um dos ideólogos do neoliberalismo (ao centro), reúne-se com ditador
Augusto Pinochet, no Chile, nos anos 70. Hayek, outro guru do movimento, diria:
“minha preferência inclina-se na direção de uma ditadura liberal, ao invés de
um governo democrático que não pratique o liberalismo”
Com
tal apoio, ele começou a criar o que Daniel Stedman Jones descreve, em Masters
of the Universe, como “uma espécie de Internacional Neoliberal”: uma rede
global de acadêmicos, homens de negócios, jornalistas e ativistas. Apoiadores ricos
do movimento fundaram uma série de thinktanks que iriam refinar e promover a
ideologia. Entre elas estão o American Enterprise Institute, a Heritage
Foundation, o Cato Institute, o Institute of Economic Affairs, o Centre for
Policy Studies e o Adam Smith Institute. Também financiaram departamentos
acadêmicos, particularmente nas universidades de Chicago e Virginia.
Conforme
evoluiu, o neoliberalismo tornou-se mais estridente. A visão de Hayek de que os
governos deveriam regular a competição para prevenir a formação de monopólios
deu lugar – entre apóstolos norte-americanos tais como Milton Friedman – à
crença de que o poder monopolista poderia ser visto como uma recompensa à
eficiência.
Uma
outra coisa aconteceu durante essa transição: o movimento perdeu o seu nome. Em
1951, Friedman se satisfazia com a descrição de si mesmo como neoliberal. Mas,
logo depois disso, o termo começou a desaparecer. Ainda desconhecido, mesmo à
medida em que a ideologia tornava-se mais nítida e o movimento mais coerente, o
nome perdido não foi substituído por nenhuma alternativa.
No
início, apesar de seu generoso financiamento, o neoliberalismo manteve-se nas
margens. O consenso pós-guerra era quase universal: as prescrições econômicas
de John Maynard Keynes foram amplamente aplicadas. Pleno emprego e combate à
fome eram metas comuns nos EUA e na maior parte da Europa Ocidental. As
aliquotas máximas do imposto eram altas e os governos buscavam resultados
sociais elevados sem constrangimento, desenvolvendo novos serviços públicos e
redes de segurança.
Nos
anos 1970, contudo, quando as políticas keynesianas começaram a desmoronar e as
crises econômicas atingiram EUA e Europa, as ideias neoliberais começaram a
entrar no mainstream. Como Friedman ressaltou, “quando chega a hora, é preciso
mudar … havia ali uma alternativa pronta para ser agarrada”. Com a ajuda de
jornalistas simpáticos à ideia e conselheiros políticos, alguns elementos do
neoliberalismo, principalmente suas prescrições de política monetária, foram
adotadas pelos governos de Jimmy Carter, nos EUA, e Jim Callaghan, na Grã
Bretanha.
Depois
que Margaret Thatcher e Ronald Reagan assumiram o poder, o resto do pacote veio
a galope: cortes maciços nos impostos dos ricos, esmagamento dos sindicatos,
desregulação, privatização, terceirização e competição nos serviços públicos.
Por meio do FMI, do Banco Mundial, do Tratado de Maastricht e da Organização
Mundial de Comércio, as políticas neoliberais foram impostas – frequentemente
sem consenso democrático – em grande parte do mundo. O mais notável é que foram
adotadas por partidos que no passado pertenceram à esquerda: Trabalhista, na
Inglaterra, e Democrata, nos Estados Unidos, por exemplo. Como observa Stedman
Jones, “é difícil pensar em outra utopia que tenha sido realizada tão
completamente.”
Pode
parecer estranho que uma doutrina que promete escolhas e liberdade possa ter
sido promovida sob o slogan “não há alternativa”. Mas, como observou Hayek em
uma visita ao Chile de Pinochet – uma das primeiras nações em que o programa
foi exaustivamente aplicado – “minha preferência pessoal inclina-se na direção
de uma ditadura liberal, ao invés de um governo democrático que não pratique o
liberalismo”. A liberdade que o neoliberalismo oferece, que soa tão fascinante
quando expressa em termos gerais, acaba por significar a liberdade para a
elite, não para os peixes pequenos.
Liberdade
em relação aos sindicatos e à negociação coletiva significa liberdade para
reprimir salários. Liberdade em relação da regulamentação significa liberdade
de envenenar rios, colocar em risco os trabalhadores, cobrar taxas iníquas de
juros e criar instrumentos financeiros exóticos. Ficar livre de impostos
significa ficar livre da distribuição de riqueza que tira as pessoas da
pobreza.
Como
Naomi Klein documenta em
The Shock Doctrine (A Doutrina do Choque), teóricos
neoliberais advogam o uso de crises para impor políticas impopulares enquanto
as pessoas estavam distraídas: por exemplo, a consequência do golpe de
Pinochet, da guerra do Iraque e do Furacão Katrina, que Frieman descreveu como
“uma oportunidade para reformar radicalmente o sistema educacional” em New Orleans.
Onde
as políticas neoliberais não podem ser impostas domesticamente, elas são
impostas internacionalmente, através de tratados comerciais que incorporam os
“painéis de disputa estado-investidor”: tribunais globais em que as corporações
podem pressionar pela revogação de leis e normas que protegem direitos sociais
e ambientais. Quando parlamentares votaram para restringir as vendas de cigarro,
proteger reservatórios de água das companhias de mineração, congelar contas de
energia ou prevenir empresas farmacêuticas de esfolar o Estado, as empresas
entraram com processos, muitas vezes bem sucedidos. A democracia reduz-se a um
teatro.
Outro
paradoxo do neoliberalismo é que a competição universal apoia-se em comparação
e quantificação universal. O resultado é que trabalhadores, desempregados e
serviços públicos em geral ficam sujeitos a um sistema de avaliação e
monitoramento sufocante e enganador, desenhado para identificar vencedores e
punir perdedores. Ao invés de nos libertar do pesadelo burocrático do
planejamento central, como propôs Von Mises, ele criou um.
O
neoliberalismo não foi concebido como um projeto egoísta, mas rapidamente
transformou-se nisso. O crescimento econômico tornou-se visivelmente mais lento
na era neoliberal (desde 1980 na Grã Bretanha e nos EUA) do que era nas décadas
precedentes; mas não para os ultra ricos. A desigualdade na distribuição de
renda e riqueza, depois de 60 anos de queda, aumentou rapidamente na nova era,
devido à destruição dos sindicatos, à redução dos impostos, ao aumento dos
aluguéis, à privatização e à desregulação.
A
privatização ou mercantilização de serviços públicos tais como energia, água,
ferrovias, saúde, educação, estradas e prisões habilitou as grandes empresas a
colocar uma cabina de pedágio diante de bens essenciais e cobrar rendas, seja
dos cidadãos ou do governo, para seu próprio benefício. Renda é um eufemismo
para dinheiro ganho sem esforço. Quando você paga um preço inflacionado pelo
bilhete de metrô, somente parte da tarifa compensa os operadores por seus
custos de combustível, salários e outros gastos. O resto reflete o fato de que
você está nas mãos deles.
As
pessoas que possuem e administram os serviços privatizados ou semi privatizados
do Reino Unido fazem fortunas tremendas investindo pouco e cobrando muito. Na
Rússia e na Índia, os oligarcas adquiriram bens estatais através de leilões. No
México, Carlos Slim teve garantido o controle de quase todos os serviços de
telefonia fixa e móvel e logo tornou-se o homem mais rico do mundo.
Friedrich
Rayek (direita) encontra-se com Ronald Reagan. Depois de experimentado no Chile
de Pinochet, neoliberalismo difundiu-se a partir dos EUA e Grã-Bretanha, a
partir de um lema ("não há alternativas") que desmente a suposta
aposta dos defensores da doutrina na "liberdade"
Friedrich
Rayek (direita) encontra-se com Ronald Reagan. Depois de experimentado no Chile
de Pinochet, neoliberalismo difundiu-se a partir dos EUA e Grã-Bretanha, sob um
lema (“não há alternativas”) que desmente a suposta aposta dos defensores da
doutrina na “liberdade”
A
financeirização, como nota Andrew Sayer em Why We Can ’t Afford the
Rich, teve impacto semelhante. “Como a renda”, diz ele, “os juros são receita
acumulada sem qualquer esforço”. À medida em que os pobres tornam-se mais
pobres e os ricos mais ricos, o rico adquire controle crescente sobre outro bem
crucial: dinheiro. Pagamentos de juros são, de modo devastador, transferência
de dinheiro do pobre para o rico. Os preços dos imóveis e a redução de
investimentos estatais sobrecarregam as pessoas com dívidas; mas os bancos e os
executivos nadam de braçadas.
Sayer
argumenta que as últimas quatro décadas caracterizaram-se por uma transferência
de riqueza não apenas do pobre para o rico, mas no interior das categorias de
riqueza: daqueles que ganham dinheiro produzindo novos bens ou serviços para
aqueles que ganham dinheiro assumindo o controle de ativos já existentes e recolhendo
rendas, juros ou ganhos de capital. O ganho produtivo foi superado pelo ganho
improdutivo.
As
políticas neoliberais estão assoladas por falhas do mercado em todos os
lugares. Não apenas os bancos, mas também as corporações encarregadas de
entregar os serviços públicos são grandes demais para falir. Como Tony Judt
apontou em Ill Fares
the Land, Hayek esqueceu-se de que os serviços públicos vitais não podem entrar
em colapso, o que significa que a competição não pode determinar seu curso. As
empresas levam os lucros, o Estado fica com o risco.
Quanto
maior seu fracasso, mais extremada se torna a ideologia. Os governos usam as
crises neoliberais tanto como desculpa quanto como oportunidade para baixar
impostos, privatizar os serviços públicos restantes, abrir brechas na rede de
proteção social, desregular as corporações e re-regular os cidadãos. O Estado
que se odeia afunda os dentes em cada órgão do setor público.
Talvez
o impacto mais perigoso do neoliberalismo não seja a crise econômica, mas a
crise política que causou. Conforme se reduz o domínio do Estado, reduz-se
também a possibilidade de mudar o curso de nossas vidas por meio do voto. Ao
contrário, assegura a teoria neoliberal, as pessoas podem exercer a escolha
pelo consumo. Mas alguns têm mais do que outros para gastar: na grande
democracia do consumidor ou do acionista, os votos não são igualmente
distribuídos. O resultado é um desempoderamento dos pobres e das classes
médiass. Conforme os partidos de direita e a ex-esquerda adotam políticas neoliberais
semelhantes, o desempoderamento transforma-se em privação dos direitos civis.
Um grande número de pessoas foi varrido da política.
Chris
Hedges observa que “movimentos fascistas constroem suas bases não entre as
pessoas politicamente ativas, mas entre as politicamente inativas, os
‘perdedores’ que sentem, frequentemente de modo correto, que não têm voz ou
papel a desempenhar no establishment politico”. Quando o debate político não
faz mais sentido para nós, as pessoas tornam-se suscetíveis a slogans, símbolos
e sensações. Para os admiradores de Trump, por exemplo, fatos e argumentos
parecem irrelevantes.
Tony
Judt explicou que quando a espessa rede de interações entre as pessoas e o
Estado é reduzida a nada, a não ser autoridade e obediência, a única força
remanescente a nos unir é o poder estatal. O totalitarismo temido por Hayek tem
mais probabilidade de emergir quando os governos, tendo perdido a autoridade
moral que emana da garantia de serviços públicos, são reduzidos a “persuadir,
ameaçar e em última análise coagir as pessoas a obedecê-los.”
Como
o comunismo, o neoliberalismo é o Deus que falhou. Mas esta doutrina zumbi
continua sua escalada, e uma das razões para isso é o anonimato. Ou antes, um
conjunto de anonimatos.
A
doutrina invisível da mão invisível é promovida por investidores invisíveis.
Devagar, muito devagar, começamos a descobrir o nome de alguns deles.
Descobrimos que o Institute of Economic Affairs , que argumentou fortemente na
mídia contra a regulação da indústria do tabaco, foi secretamente fundado, em
1963, pela British American Tobacco. Descobrimos que Charles e David Koch, dois
dos homens mais ricos do mundo, fundaram o instituto que criou o movimento Tea
Party. Descobrimos que Charles Koch, ao instalar um de seus thinktanks,
observou que “para evitar críticas indesejáveis, o modo como a organização é
controlada e dirigida não deveria ser amplamente divulgada”.
As
palavras usadas pelo neoliberalismo com frequência mais ocultam do que
elucidam. “O mercado” soa como um sistema natural que pode nos pressionar por
igual, como fazem a pressão atmosférica ou da gravidade. Mas está carregado de
relações de poder. O que “o mercado quer” tende a significar o que as
corporações e seus patrões querem. “Investimento”, como nota Sayer, significa
duas coisas bem diferentes. Uma é o financiamento de atividades produtivas e
socialmente úteis; a outra é a compra de bens existentes para deles extrair
rendas, juros, dividendos e ganhos de capital. Ao usar a mesma palavra para
atividades diferentes, “camuflam-se as fontes de riqueza”, levando-nos a
confundir extração de riqueza com criação de riqueza.
Há
um século, os novos ricos eram desprezados por aqueles que tinham herdado seu
dinheiro. Empreendedores buscavam aceitação social transformando-se em rentistas. Hoje , a
relação foi invertida: os rentistas e herdeiros definem-se como empresários.
Eles afirmam ter construído a riqueza pela qual não trabalharam.
Esse
anonimato e essas confusões se misturam com o fato de o capitalismo moderno não
ter nem nome nem lugar. O modelo de terceirizações assegura que os
trabalhadores não saibam para quem trabalham. As companhias são registradas
através de um sistema secreto de rede de offshores, tão complexo que nem mesmo
a polícia pode descobrir seus proprietários e beneficiados. Os arranjos fiscais
logram os governos. Ninguém entende os “produtos financeiros”.
O
anonimato do neoliberalismo é ferozmente salvaguardado. Aqueles que são
influenciados por Hayek, Mises e Friedman tendem a rejeitar o termo, sustentando
– com alguma justiça – que ele é hoje usado apenas pejorativamente. Mas não nos
oferecem substitutos. Alguns descrevem-se como liberais ou ulta-liberais
(libertarians) clássicos, mas essas descrições são ambas enganosas e
curiosamente autodissipadoras, uma vez que sugerem não haver nada de novo em O Caminho da Servidão
(The Road to Serfdom), Bureocracy ou o clássico trabalho de Friedman,
Capitalismo e Liberdade (Capitalism and Freedom).
Por
tudo isso, há algo admirável sobre o projeto neoliberal, ao menos em seus
estágios iniciais. Era uma filosofia distinta e inovadora, promovida por uma
rede coerente de pensadores e ativistas com um claro plano de ação. Era
paciente e persistente. O Caminho da Servidão (The Road to Serfdom) tornou-se o
caminho para o poder.
O
triunfo do neoliberalismo reflete também o fracasso da esquerda. Quando a
teoria do laissez-faire econômico levou à catástrofe em 1929, Keynes inventou
uma extensa teoria econômica para substituí-la. Quando o gerenciamento da
demanda keynesiana bateu no teto, nos anos 70, havia, pronta, uma alternativa
conservadora. Mas quando o neoliberalismo desmoronou, em 2008, não havia nada.
É por isso que o zumbi anda. Em 80 anos, a esquerda e o centro não produziram
um novo sistema geral de pensamento econômico.
Toda
invocação de Lord Keynes é uma admissão de fracasso. Propor soluções
keynesianas às crises do século 21 é ignorar três problemas óbvios. É difícil
mobilizar as pessoas em torno de velhas ideias; as falhas expostas nos anos
1970 não desapareceram; e, mais importante, o projeto não tem nada a dizer
sobre nosso problema mais grave: a crise ambiental. O keynesianismo funciona
pelo estímulo da demanda de consumo para promover crescimento econômico.
Demanda de consumo e crescimento econômico são os motores da destruição
ambiental.
George Monbiot. Jornalista, escritor,
Acadêmico e
ambientalista do Reino Unido. Colunista do jornal The Guardian
Primeiramente,gostaria de afirmar que o darwinismo não é neoliberal e que nem a democracia liberal ou a ditadura liberal irá resolver o problema político mundial, pois sou socialista libertário e democrata na vida prática e percebo que é impraticável neste mundo totalitário, por ser este modelo político ligado à cooperação mútua que não é baseado na competição desenfreada do capitalismo. Prefiro acreditar nas leis da Natureza a acreditar nestas pseudo leis inventadas pelos detentores do poder, para dominar e subjugar os seres humanos através do capital. Sou vegetariano, ateísta e anarquista e não me considero uma mercadoria, para ser manipulada com o capital. Hoje, aos 74 anos, preferi optar viver no ostracismo criativo, ajudando algumas pessoas ao meu redor e não participando desta politicagem corrupta brasileira. Parece-me que os detentores do poder irá destruir o planeta e a espécie humana irá ser extinta, pois o egoísmo, a ganância e a competição somente leva à destruição. Ainda amo a vida e por isso dou valor a ela, enquanto houver possibilidade de vivê-la.
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